sexta-feira, 22 de junho de 2018

Meteoro é filmado em alta definição na Paraíba ao cortar céu do Ceará

Astrônomo faz análise sobre a trajetória do meteoro ao atingir a Terra, fala dos riscos em potencial desses corpos celestes e divulga eventos que debatem tema
Meteroro pôde ser flagrado por estação de monitoramento em João Pessoa, a 550 km de distância (Foto: Bramon/Reprodução)Quatro estações da Rede Brasileira de Monitoramento de Meteoros (Bramon) registraram um meteoro cortando a atmosfera terrestre na noite dessa quarta-feira (20). O fenômeno, que ocorreu sobre o céu do Ceará, foi visto naquele estado em observatórios das cidades de Iguatu, na Região Centro-Sul, e em Maranguape, na Região Metropolitana de Fortaleza. Na Paraíba, foi observado em Campina Grande e em João Pessoa.

Na capital paraibana, toda a trajetória do astro pôde ser filmada. O astrônomo Marcelo Zurita, membro da Bramon e da Associação Paraibana de Astronomia (APA), explicou como foram feitos os registros:
“As estações de Iguatu e Maranguape registraram apenas o início do meteoro. A de Campina Grande, apenas o final. Mas a estação de João Pessoa, a quase 500 km de distância, registrou todo o meteoro em Full HD (tecnologia de alta definição de vídeo). Trata-se de uma câmera experimental de alta qualidade que nessa noite estava apontada justamente na direção onde ocorreu o meteoro”, contou.
Análise técnica
Segundo Zurita, com base nos registros das quatro estações, foi possível se fazer uma análise detalhada sobre a trajetória do meteoro e de sua órbita antes de atingir a Terra.
“O meteoro entrou na atmosfera exatamente às 23 horas, 8 minutos e 53 segundos, numa velocidade de 17,66 km/s, 88,4 km acima do município cearense de Jaguaretama. Em oito segundos, ele percorreu um total de 117,1 km, brilhando intensamente até se extinguir, a 28,1 km de altitude, sobre o município de Icó, também no Ceará. Nesse percurso, sua velocidade foi reduzida até 12,18 km/s, o que significa uma desaceleração de 0,68 km/s²”, detalhou.
Ainda conforme informações do astrônomo, análises indicaram que o ‘radiante do meteoro’ (indicação de onde o astro pode ter vindo) está localizado na direção da Constelação do Dragão, no hemisfério Norte celeste.
“Antes de atingir a atmosfera da Terra, o meteoroide (corpo sólido menor que um metro de diâmetro) apresentava uma órbita semelhante à da Terra, pouco elíptica e praticamente circular, o que pode indicar que este meteoro é um fragmento de algum asteroide do tipo NEA – Near Earth Asteroid (asteroide próximo à Terra, em tradução livre), que são asteroides potencialmente perigosos para a Terra”, alertou o astrônomo, que disse também que ainda não há dados detalhados sobre as características físicas (tamanho e massa) do objeto e não se sabe se existe a possibilidade de haver meteoritos em solo.
Ele também ressaltou que fenômenos como este nos ajudam a lembrar que o mundo precisa aumentar a cobertura do céu em busca de asteroides que podem ser perigosos. Os riscos de impacto desses corpos celestes no nosso planeta serão debatidos em mais uma edição do ‘Asteroid Day’ (Dia do Asteroide), celebrado no dia 30 de junho, em todo o mundo, com uma série de eventos.
Asteroid Day
Trata-se de uma mobilização internacional educativa realizada anualmente no aniversário do maior impacto asteroidal da Terra na história recente, o evento de Tunguska, na Sibéria, em 1908, quando um objeto com tamanho estimado entre 50 e 100 metros explodiu a cerca de 10 km de altitude, liberando uma energia equivalente a 1.000 bombas de Hiroshima. O Asteroid Day foi co-fundado em 2014 pelo cineasta Grig Richters, pela chefe de negócios do Vale do Silício (EUA), Danica Remy, pelo astronauta da Apollo 9 Rusty Schweickart, e pelo Dr. Brian May, astrofísico e guitarrista da banda Queen.
A data de 30 de junho foi reconhecida em dezembro de 2016 pela Assembleia Geral das Nações Unidas como o Dia Internacional do Asteroide. Nesse dia o mundo todo prepara eventos que explicam as ameaças que esses objetos espaciais podem gerar e o que pode ser feito para impedir novos impactos, visando conscientizar governos e a população sobre o investimento em estudos nesta área. Essa data também pode ser aproveitada para explicar melhor, através de diversas atividades, sobre os pequenos corpos celestes que existem no Sistema Solar e como podemos observá-los e entender suas características.
Programação em João Pessoa
Em João Pessoa estão agendados dois eventos de divulgação do Asteroid Day. O primeiro ocorre já no dia 28 de junho, às 18h30, na General Store, no Centro da cidade. No local haverá um show com a banda Augustine Azul e observação com telescópios monitorada por membros da Associação Paraibana de Astronomia. A entrada custa R$ 10.
No dia 30 de junho acontecerá o segundo evento programado, desta vez na Estação Cabo Branco, no bairro Altiplano, na Zona Leste da Capital. No local haverá, a partir das 15h30, palestras educativas, mostra de modelos de asteroides e, à noite, observação com telescópios, também acompanhada por membros da APA. A participação no evento é gratuita. 


Fonte: Por Gustavo Medeiros