terça-feira, 5 de agosto de 2014

Semiárido terá sistema de controle de desertificação em dois meses

SAP sob análise: a culpa é do homemPor Letícia Verdi,
Especialistas e pesquisadores se reúnem em Brasília para discutir melhorias do SAP. Nesta terça-feira (05/08), o Sistema de Alerta Precoce de Secas e Desertificação (SAP), a ser lançado em dois meses,
teve avaliação prévia feita por especialistas em oficina promovida pelo Ministério do Meio Ambiente (MMA) e pelo Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI).

Na abertura do evento, o secretário de Extrativismo e Desenvolvimento Rural Sustentável do MMA, Paulo Guilherme Cabral, destacou que o SAP permitirá atuar na prevenção, no controle e na mitigação da degradação. "Este sistema, além de avaliar e monitorar a degradação do solo, também irá disseminar informações e orientar melhor a definição e a implantação de políticas públicas", disse. 

O SAP é resultado de parceria entre o MMA, o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) e o Centro de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden), firmada em 2010. Os três organismos desenvolveram estudos de geoprocessamento, que incluem levantamento, análise e consolidação das informações georreferencidas sobre desertificação, degradação da terra e aridez.

Segundo o diretor do Departamento de Combate à Desertificação do MMA, Francisco Campello, o SAP é uma ferramenta importante para a realização do Plano Nacional de Mudanças do Clima.

Ele destacou que o modelo agropecuário atual é o principal responsável pela perda de nutrientes do solo. “O tipo de uso e ocupação do solo é o que causa a degradação”, afirmou.

O HOMEM É A CAUSA

Um dos participantes da oficina, o professor doutor da Universidade Federal de Campina Grande, Marx Prestes Barbosa, apontou o lado humano da desertificação: “Os desastres são sociais”, disse.

De acordo com ele, o processo de desertificação é social, político e econômico e decorre da questão do uso das terras. “Temos uma herança da colonização. No Nordeste, houve uma colonização exploratória. Tudo o que era produzido, como açúcar e couro, era levado para a Europa. Havia grandes queimadas na caatinga.

Toda a vegetação no semiárido é secundária”, explicou. O professor sugeriu que o sistema inclua a dimensão humana nas indicações de prevenção à desertificação e que a defesa civil do Brasil seja treinada para atura nessa área. “É o homem que está fazendo isso, a natureza não se destrói sozinha”, finalizou.

Também participaram da oficina representantes da Agência Nacional de Águas (ANA), Superintendência do Desenvolvimento do Nordeste (Sudene), Instituto Interamericano de Cooperação para a Agricultura (IICA), Secretaria de Estado da Bahia, Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), entre outros.