sexta-feira, 11 de outubro de 2013

Ambulâncias atuam sem enfermeiros; caso acontece em duas cidades na região do Vale do Piancó

Em 16 municípios da Paraíba as ambulâncias operadas por equipes do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) funcionam sem a presença de enfermeiros na equipe.

Essa situação é uma das irregularidades identificadas durante as 453 fiscalizações realizadas pelo Conselho Regional de Enfermagem do Estado (Coren-PB), de janeiro deste ano até a primeira semana de outubro.

A chefe de fiscalizações do Conselho, Graziela Cahú Pontes, revelou que os técnicos e auxiliares de enfermagem que integram as equipes de atendimento nesses municípios estavam atuando sem a presença de um enfermeiro para orientar e coordenar o grupo.

Segundo a representante do órgão, a inexistência de enfermeiros no socorro a pacientes em casos graves pode aumentar o risco de morte.

“Sem a orientação e supervisão de um enfermeiro, o técnico não é capacitado para atender pacientes com risco de vida em situações de urgência que requerem decisões rápidas. Nessas ambulâncias, o atendimento a pacientes nessa situação é de competência do enfermeiro e os técnicos apenas assistem ao profissional”, explicou Graziela Cahú.

Ainda nas mesmas equipes do Samu, os fiscais do Coren-PB identificaram também falta de condições estruturais e de equipamentos que comprometem o trabalho dos enfermeiros e demais profissionais da área durante os atendimentos. Foi o que aconteceu este ano com a unidade de Santa Rita, na Região Metropolitana de João Pessoa, cuja ambulância contava apenas com auxiliares de enfermagem. Constatada a irregularidade, os profissionais dessa equipe foram interditados eticamente pelo órgão fiscalizador e as ambulâncias estão paradas.

A falta de enfermeiros para acompanhar os pacientes também foi constatada durante a manhã de ontem. Uma ambulância da prefeitura de Guarabira trouxe um paciente em estado grave para receber atendimento no Hospital Napoleão Laureano, no bairro de Jaguaribe, na capital. No entanto, segundo informações do motorista do veículo, além dele, apenas uma técnica de enfermagem e um parente do paciente vieram com ele.

Segundo Graziela Pontes, a falta de enfermeiros integrados às equipes do Samu e demais ambulâncias é uma prática comum nos municípios do interior do Estado. Ela conta que o Coren-PB apurou três casos graves este ano, sendo um deles com óbito por negligência do técnico que acompanhava o paciente.

“Muitas ambulâncias das prefeituras não têm alvará de funcionamento e condições de fazer o transporte dos pacientes.

Tivemos dois casos este ano em que a porta da ambulância se abriu, o paciente caiu e a falta dele só foi notada na chegada do hospital. O outro caso foi de uma paciente que tinha problemas mentais. No momento do transporte para o hospital, ela teve um surto, pulou na ambulância em movimento, caiu na pista e morreu. Tudo isso aconteceu porque não tinha o acompanhamento devido por um enfermeiro”, lamentou. (Colaborou Nathielle Ferreira)

Cidades com Samu sem enfermeiros

Santa Rita
Pedras de Fogo
Alhandra
Caaporã
Cuité
Lagoa de Dentro
Jacaraú
Soledade
Santana dos Garrotes
São José de Piranhas
Nova Olinda
Belém do Brejo do Cruz
Bananeiras
Alagoinha
Arara
Caturité


Katiana Ramos/OlhoD'águaOnline