Gilson Afreu estava hospitalizado em Campina, e não resistiu Por Redação da Folha – Ao falar da morte do trabalhador Gilson Afreu de Assis (foto), de 41 anos, falecido no começo da manhã deste domingo, 21, no hospital de trauma de Campina Grande, é preciso narrar todos os obstáculos que o pedreiro enfrentou na luta pela vida. Uma batalha que terminou perdendo pelas adversidades da nossa própria saúde pública.
Socorrido ao hospital da cidade depois de sofrer uma queda no andaime de uma construção na Rua Balduino de Carvalho, centro de Itaporanga, por volta das 9h da quarta-feira, 17, o pedreiro só foi removido depois da intervenção do promotor de Justiça, acionado pela família da vítima em função da demora na transferência do paciente, que sofreu uma grave lesão na cabeça e precisava ser atendido em um centro hospitalar melhor equipado.
Segundo o comerciante Xavier, irmão de Gilson, uma viatura do SAMU chegou a retirar o paciente assim que os médicos locais determinaram a remoção, mas voltou do caminho: a ambulância retornou ao hospital com o ferido alegando que precisaria de uma autorização do setor de regulação, que funciona em Piancó.
Sem conseguir contato com Piancó e vendo o tempo correr contra a vida de Gil, como é conhecido, seus familiares acionaram o Ministério Público. O promotor foi pessoalmente ao hospital e determinou a imediata retirada do paciente sem a necessidade de contato com o setor de regulação do SAMU.
Pela gravidade, o paciente foi direto para Campina Grande, mas, no meio do caminho, outro atestado da precariedade do serviço público de saúde: segundo Xavier, a viatura teve o pneu furado e não havia equipamento adequado para a troca, sendo necessário esperar a passagem de algum motorista que pudesse emprestar as ferramentas. O pneu foi trocado, mas, conforme ainda o comerciante, havia risco de novo problema porque o reserva estava desgastado e poderia não completar a viagem, mas deu certo, apesar da demora, o que pode ter sido determinante para o desfecho fatal de mais um capitulo triste de nossa saúde.
Internado no hospital campinense, seis horas depois de sofrer o acidente, o trabalhador foi imediatamente submetido a uma cirurgia, mas, depois de vários dias em coma, não resistiu. Separado, ele vivia com os pais na antiga Rua das Flores, onde seu corpo será velado.
O sepultamento ocorrerá nesta segunda-feira, 22. “Eu não sei se foi a demora que fez com que meu irmão morresse, mas, como o promotor mesmo disse, o SAMU daqui não precisa esperar autorização de Piancó para transferir uma pessoa em situação tão grave”, lamentou Xavier durante entrevista neste domingo ao programa Depoimentos, da Rádio Correio.
FONTE:WWW.FOLHADOVALI.COM.BR
