sábado, 14 de setembro de 2013

Dez brasileiros selecionados pelo 'Mais Médicos' abandonam emprego em cidades da Paraíba. Catingueira aparece na lista


Dos 47 selecionados, cinco não apareceram em seus locais de trabalho e outros cinco desistiram na primeira semana. Treze estrangeiros chegam neste sábado e começam a atuar no dia 23
Desde o dia 2 de setembro até esta sexta-feira (13), dez dos 47 médicos brasileiros selecionados pelo programa do Governo Federal ‘Mais Médicos’ para trabalhar na Paraíba abandonaram seus postos de trabalho, o que equivale a 21,28% do total. Desses, cinco profissionais nem sequer se apresentaram nos municípios para trabalhar e os outros cinco desistiram da função na primeira semana. O balanço foi feito com base nas informações prestadas pelo o Núcleo de Atenção Básica da Secretaria de Saúde do Estado.

O primeiro ciclo do programa destinou a Paraíba 60 médicos. Desses, 13 são estrangeiros. O prazo estabelecido pelo Ministério da Saúde para os médicos se apresentarem aos seus postos de trabalho terminou nessa quinta-feira (12). Os profissionais que não cumpriram a determinação foram excluídos do programa e estão impedidos de participar de uma nova seleção pelos próximos seis meses.

Com a desistência, nove cidades paraibanas ficaram sem médicos do programa. Foram elas: Areia (dois), Alagoinha, Cacimba de Dentro, Cajazeirinhas, Catingueira, Conde, Cubati, Ingá e Pocinhos (um, cada).

Os 37 médicos que assumiram o posto estão distribuídos em 17 cidades, sendo 20 em João Pessoa (capital do Estado), dois em Bayeux e um para as demais 18 cidades, que são: Bananeiras, Barra de Santana, Belém do Brejo do Cruz, Caaporã, Caturité, Cruz do Espírito Santo, Itapororoca, Juripiringa, Lucena, Nova Floresta, São Miguel de Taipu, Serra Redonda, Solânea, Tavares, e Vieirópolis.

Os 13 profissionais com diploma do exterior que vão atuar em municípios da Paraíba pelo programa Mais Médicos chegam no aeroporto Castro Pinto, em Bayeux (região metropolitana de João Pessoa), neste sábado (14). O representante do Ministério da Saúde, André Bonifácio, da coordenação nacional do programa, vai recebê-los às 7h30.

Na segunda-feira (16), os médicos iniciam a semana de acolhimento na capital do Estado, que ocorrerá no Centro de Treinamento da Polícia Militar, no bairro de Mangabeira, zona sul da cidade.

Durante essa semana de capacitação, diariamente, eles conhecerão a situação da saúde do Estado, o Plano Estadual de Saúde, a regionalização das ações e serviços da saúde e o perfil epidemiológico da Paraíba, além das características da população da região.

Após essa semana, os profissionais seguem para os municípios a que foram designados a partir do dia 22. Do total, nove são cubanos, dois espanhóis, um uruguaio e um brasileiro formado na Espanha.

Os municípios de Aguiar, Baraúna, Damião, Gado Bravo, Pedra Lavrada, Picuí, Santana de Mangueira, Serra Grande e Taperoá receberão os médicos cubanos. Já as cidades de Água Branca e Baía da Traição receberão os espanhóis; e, Areia e Cacimba de Dentro receberão os médicos uruguaio e o brasileiro formado na Europa.

O profissional selecionado pelo programa deve cumprir 40 horas semanais de trabalho. A bolsa paga, tanto para os brasileiros quanto para os estrangeiros, é no valor de R$ 10 mil. Os municípios se responsabilizam pelas despesas com moradia e alimentação dos médicos.

Programa Mais Médicos

Lançado pela Presidenta da República, Dilma Rousseff, no dia 8 de julho, o Mais Médicos faz parte de um amplo pacto de melhoria do atendimento aos usuários do SUS, com objetivo de acelerar os investimentos em infraestrutura nos hospitais e unidades de saúde e ampliar o número de médicos nas regiões carentes do país.

A segunda seleção foi aberta dia 19 de agosto para adesão de novos municípios e médicos brasileiros e estrangeiros, que puderam se cadastrar até o dia 30 de agosto. Os profissionais selecionados nesta etapa iniciarão as atividades ainda na primeira quinzena de outubro.

O Governo Federal está investindo, até 2014, R$ 15 bilhões na expansão e na melhoria da rede pública de saúde de todo o Brasil. Deste montante, R$ 7,4 bilhões já estão contratados para construção de 818 hospitais, 601 Unidades de Pronto Atendimento (UPAs 24h) e de 16 mil unidades básicas. Outros R$ 5,5 bilhões serão usados na construção, reforma e ampliação desses estabelecimentos e saúde, além de R$ 2 bilhões para 14 hospitais universitários.

Balanço no país

Segundo o Ministério da Saúde, apenas 47% - 511 profissionais em um universo de 1.096 - dos profissionais brasileiros já iniciaram suas atividades nas unidades básicas de saúde. O balanço, feito com base nas informações prestadas pelas prefeituras ao Ministério da Saúde, foi apresentado na quarta-feira (11) pelo ministro Alexandre Padilha.

Neste período, 127 médicos brasileiros já pediram, diretamente ao Ministério da Saúde, desligamento do programa. Quem não se apresentar até esta quinta-feira (12), entre os demais 458, será excluído do programa e se tornará impedido de uma nova seleção pelos próximos seis meses.

“Este quadro reforça o diagnóstico do drama que vivem os municípios e estados quando fazem uma seleção pública para médicos: nem todos aparecem para começar o seu trabalho. Vamos procurar repor, com brasileiros ou estrangeiros, estas vagas para garantir atendimento aos milhões de brasileiros que esperam ser atendidos”, avaliou Padilha.



Fonte: Por Naira Di Lorenzo