A estudante Sofia Azevedo Macedo, filha de um comerciante de
Carbonita (Vale do Jequitinhonha), é suspeita de contratar uma quadrilha
especializada em fraudes no Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM) 2016 e
em outros concursos realizados no País. Um integrante da quadrilha,
identificado como Jonathan Galdino dos Santos, foi registrado pela
Polícia Federal (PF) testando o sistema com a candidata carbonitense.
Ela estaria fazendo a prova em Capelinha (MG).
O delegado Marcelo Freitas explicou que, de um hotel em Montes Claros
(MG), a quadrilha enviava o gabarito para os candidatos, que usavam um
microponto colocado no ouvido e uma central telefônica acoplada no peito
ou braço. Ambos podem ser apontados com o uso de detector de metais,
mas a PF acredita que o equipamento não esteja sendo usado de maneira
eficiente.
“Pela primeira vez constatamos o retorno de áudio por parte do
candidato. A maneira que ele usava para demonstrar ao interlocutor que
compreendia ou não o gabarito era por intermédio de tosse. Se tossia uma
vez ele havia compreendido, se tossia duas vezes, o interlocutor
repetia o gabarito”, disse Freitas.
Escutas autorizadas pela Justiça mostram que antes do exame era feito
um teste para verificar se o candidato conseguia escutar a voz de quem
iria repassar as respostas para ele. Durante o cumprimento dos mandados
foram apreendidos vários equipamentos usados na fraude. Confira no
diálogo abaixo:
– Jonathan: Sofia, tá me escutando? Dá duas tosses aí, por favor.
– Sofia: [tosse duas vezes, indicando que estava escutando o bandido]
– Jonathan: Correto. Eu vou falar cinco palavras: casa, carro, tatu, prédio e cachorro. Entendeu? Dá uma tossida.
– Sofia: [tosse uma vez, indicando que entendeu a mensagem repassada por Jonathan]
– Jonathan: Pronto. Ok.
Fonte: DEBATE PROGRESSISTA