Ministério diz que estão sendo transferidos mais de R$ 2,2 bilhões às famílias beneficiárias
O Ministério do Desenvolvimento Social
e Agrário informou que o pagamento dos benefícios do Bolsa Família de
junho começou a ser feito nessa sexta (17) sem o reajuste de 9%, que
estava previsto para ser aplicado a partir deste mês e foi anunciado na
gestão de Dilma Rousseff.
“O governo Dilma ficou dois anos sem dar
reajuste no Bolsa Família. Estamos fazendo uma avaliação nos cortes
promovidos pelo governo anterior, que chegam a R$ 1,6 bilhão, para poder
conceder o reajuste”, informou o ministério.
O reajuste de 9% no Bolsa Família foi
concedido pelo governo anterior por meio de um decreto publicado no dia 6
de maio, uma semana antes da votação do processo de impeachment de
Dilma no Senado. Na época, o governo disse que o valor médio do
benefício médio pago para 13,8 mil famílias passaria de R$ 162 para R$
176 mensais.
Em ato público no Recife, a presidente
afastada disse que há recursos para o pagamento do reajuste. "Hoje eles
não pagaram o reajuste do Bolsa Família, de 9%, que nós tínhamos deixado
os recursos e aprovado direitinho. Quanto custa isso? Menos de um
bilhão de reais. Mas ao mesmo tempo eles vão e aumentam o déficit, e
dentro do déficit dão aumento a todos que lhes interessam. Pro povo
pobre desse país um bilhão é muito. Para os ricos 56 bilhões é pouco",
disse.
A presidente afirmou que a decisão "é
uma mesquinharia com o povo pobre desse país e mostra o verdadeiro
intuito desse governo provisório, ilegítimo e interino, que é reduzir o
máximo que puderem os direitos conquistados, os direitos sociais. Os
direitos de cada um dos brasileiros, principalmente os mais pobres".
O pagamento do benefício começou a ser
feito nessa sexta (17) e segue até o dia 30, conforme previsto no
calendário do programa. Começaram recebendo os beneficiários com o
número de identificação social (NIS) de final 1. O ministério diz que
estão sendo transferidos mais de R$ 2,2 bilhões às famílias
beneficiárias.
Recife
Na capital pernambucana, Dilma
participou de manifestação organizada pelas Frentes Brasil Popular e
Povo Sem Medo. O ato “Mulheres com Dilma pela democracia e contra a
violência" foi realizado na Praça do Carmo, centro do Recife. Foi a
segunda agenda da presidente afastada na cidade. No início da tarde, ela
participou de um ato na Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), onde
recebeu apoio de professores, técnicos e alunos de universidades
públicas, além de funcionários de órgãos de pesquisa nacionais e do
reitor da UFPE, Anísio Brasileiro.
No ato com mulheres, a presidente
afastada voltou a criticar projetos do governo Temer, como a criação de
um teto de gastos públicos vinculado ao crescimento da inflação, e
também a falta de representatividade da diversidade brasileira na equipe
ministerial interina. “É um governo de homens brancos ricos e velhos”.
Além de movimento de mulheres, parte da
equipe do longa-metragem pernambucano Aquarius, selecionado para o
Festival de Cannes, esteve presente. No festival, ocorrido na França em
maio, o grupo fez um protesto com cartazes criticando o processo de
impeachment no país e afastamento de Dilma da presidência.
“Queria cumprimentá-la. É uma presença
muito simples, muito rápida”, disse o cineasta e diretor do
longa-metragem Kleber Mendonça Filho. “Acho que o que acontece no país é
extremamente sério, e se você tem um ponto de vista e tem um
posicionamento, e é importante defender esse posicionamento”.
A atriz Maeve Jinkings defendeu que o
impeachment é uma tentativa de barrar a Operação Lava Jato. “Acho que o
impeachment é uma ferramenta para livrar alguns políticos, que estão
articulando o processo, para se livrar da cadeia, da punição. São
pessoas que reproduzem o que eles próprios apontam como errado. A gente
tem que discutir reforma política e devolver o cargo da presidente”.
A estudante do ensino médio, Eveline
Marinho, 17 anos, também participou do ato. “Acho que a gente está num
momento do país que não dá para ficar imparcial. Não dá para ser mais a
bela, recatada e do lar. A nossa presidente sofreu um golpe machista, e a
gente como jovem, estudante e futuro do país tem que se posicionar. A
juventude não está alienaada, está na rua lutando pela democracia”,
disse, acrescentando que não participou de eventos anteriores sobre o
impeachment.
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