terça-feira, 19 de setembro de 2017

Comércio fecha as portas nesta terça-feira, em Itaporanga; saiba o motivo


José Sinfrônio Filho nasceu no Sítio Barroso, município de Cajazeiras em 24 de maio de 1924.
Autor: Redação do Portal
Hoje, terça-feira dia 19 de setembro, é comemorado o aniversário de morte de Monsenhor José Sinfrônio, que recebeu uma homenajem mais que justa e o reconhecimento de entrar para o calendário municipal, como feriado, na cidade de Itaporanga (PB), local aonde ele escolheu para viver os seus últimos dias, e muito trabalhou pela população local.

José Sinfrônio Filho nasceu no Sítio Barroso, município de Cajazeiras em 24 de maio de 1924. Filho de José Sinfrônio de Assis e Ritinha Coelho de Assis, teve na agricultura de subsistência sua primeira atividade. Seu genitor foi em vida um exemplo de inteligência, mesmo em meio às poucas condições escolares. Ferreiro, marceneiro, mecânico, entre outras atividades, foram desenvolvidas pela sua criatividade natural, tanto que quando da instalação da energia elétrica de Cajazeiras, após convocado ficou como encarregado do motor da luz, por um longo período. Para resumir a sua grande aptidão basta relembrar o cidadão que se tornou conhecido pelo fato de criar apelidos, intitulando a todo mundo. O mesmo lhe tratava de "Zé Conserto”, já que segundo o autor da titularidade para tudo que era procurado o nome em destaque dava um jeito.
José Sinfrônio teve onze irmãos com apenas ele e mais oito se criando, vez que três faleceram ainda novinhos. A vida na época era muito difícil, principalmente com relação ao aspecto educacional. O Colégio Padre Rolim era referência na área urbana, mas para ingressar na referida instituição de ensino era preciso pagar, o que criava empecilho em uma grande parte da população. As unidades públicas eram muito poucas e particulares praticamente não existiam. Mesmo assim, paralelo as atividades agrícolas, José Sinfrônio e um dos seus manos foram encaminhados ao educandário. O cronograma de trabalho era definido pelo período invernoso, e as aulas só tinham início no mês de março. Limpar mato, apanhar feijão e mais tarde com um lápis fazer a lição. Essa era a trajetória naqueles idos.
Na década de trinta, veio a doença do pai, época em que o garoto contava apenas 6 anos de idade. Naqueles momentos de agonia, o Monsenhor Aldo Pereira era chamado para dar a extrema unção, momento em que as crianças eram retiradas das proximidades, em sinal de precaução no aspecto emotivo. Nesse instante, a curiosidade falava mais alto e talvez como uma traquinagem de menino, Sinfrônio seguia sem ser notado a fecha da porta, conseguindo, observar a cena. De início, vislumbrava o médico a observar a pulsação do genitor com um instrumento intitulado de relógio, já que inexistia a conhecida figura do tenciômetro. Mesmo com a roupa e o sapato brancos do referido profissional sua atenção não chegava a ser despertada. No entanto, com a chegada do padre para confissão, a coisa já mudava de figura. Os sacramentos da Igreja de pronto chamaram a sua atenção, trazendo-lhe o desejo de acompanhar todo o ritual até a comunhão. A batina e demais assessórios usados pelo padre acabaram ficando na mente daquele pequenino ser que mais tarde decidiria ingressar no Seminário. Comunicando a sua decisão aos pais a reação chegou à tona com os elementos esclarecedores de que o sacerdote era um homem que não tinha dinheiro, desprovido de grande parte dos bens materiais. Mesmo assim a vocação seguia adiante e outro exemplo chegava em paralelo, confirmando as afirmações dos genitores. Na rua em que ele morava, adoeceu uma pessoa pobre e o Padre Dom Fernando Gomes resolveu visitá-lo. No momento do sacramento todos presenciaram que o sacerdote tirou sua própria camisa para presentear aquela pessoa. Nesse momento Sinfrônio comunicava ao seu pai que tiver reforçada a informação que lhe for dada anteriormente com relação missão que lhe despertara.

Decidido de sua vocação, o ingresso no Seminário, em João Pessoa ocorreu no dia 2 de fevereiro de 1939. A ordenação do Padre José Sinfrônio se deu em primeiro de novembro de 1951. O primeiro período, de trabalho, que ultrapassou um ano e meio foi na cidade de Pombal, na condição de cooperador do Monsenhor Vicente. Depois chegava a Cajazeiras para ser secretário do bispado, no tempo de Dom Zacarias Rolim de Moura. Posteriormente quando o Seminário que teve a sua participação na edificação ficou pronto, o Padre Sinfrônio era deslocado para Itaporanga, no propósito único e exclusivo de servir ao povo.
Muitas eram as dificuldades vividas na região, momento em que a localidade classificada de Vale do Piancó era por demais excluída, com relação as demais regiões do Estado. O início foi muito difícil, mas, segundo o pároco, culminaria com a sua total realização. Mais tarde, viria a condição de Monsenhor, no entanto jamais o fim do desejo de voltar a ser padre para continuar servindo ao próximo.
Porque o título de construtor de monumentos
Muitas são as referências de trabalho do Monsenhor José Sinfrônio em ltaporanga. Vale lembrar que presidiu a Associação de Proteção a Infância para concluir a construção do Hospital que até hoje representa um grande socorro à população, notadamente, a mais carente. Relembra a grande luta que travou ao lado de pessoas identificadas com os anseios da coletividade, a exemplo de Dr. Balduíno, Dr. João Franco da Costa, Luizito Leite, José Silvino da Fonseca, Sebastião Rodrigues, dentre outros. A construção teve início com o Dr. Pitanga, mas chegara a ser paralisada por falta de condições constituindo mais uma obra inacabada. A referida estrutura era erguida com verbas do governo e ao final foi entregue ao estado para a necessária manutenção e equipamentos.
O envolvimento do Padre José Sinfrônio com os pleitos da população era de tal forma que viabilizou, através de seus atos, a implantação da telefonia. Junto a Wilson Braga e o Dr. Walter Viana foi viabilizada a parte de instalação que teve o acompanhamento do sacerdote até a concretização. Com tal benefício, acabou O enorme problema da falta de comunicação com as localidades mais distantes da sede do município, melhorando a saúde, diminuindo a impunidade e assim por diante. Naquela época, o sistema era denominado de Serviço Intermunicipal de Comunicação do Vale. A Igreja Matriz de Nossa Senhora da Conceição também recebeu uma melhoria substancial do seu coordenador, com uma ampliação de 16 metros em sua extensão, além de várias outras modificações dentro do processo evolutivo.
A Construção do Colégio é também mais uma façanha desse benfeitor, que com a ajuda do povo conseguiu melhorar consideravelmente o setor educacional, abrindo vagas para o sexo masculino, antes ocioso, e, desta forma diminuindo consideravelmente o grau de violência. Lembra que para tocara obra tangeu burro pela zona rural, arrecadando arroz através de doações para vender e desmanchar na educação. O Padre Zé foi tão audacioso que chegou a conquistar a energia elétrica através de contato com o então Presidente da República, Juscelino Kubistcheque, oportunidade em que se fazia acompanhar pelo Bispo de Cajazeiras Dom Zacarias Rolim, em solenidade de inauguração do açude de Coremas. O Sinal de TV, a partir da Rede Tupi é mais uma referência desse baluarte para o povo de Itaporanga.
Entre outras ações podemos destacar a fundação da Banda de Música, que hoje se constitui numa oportunidade impar para os jovens; a gráfica que proporciona um espaço de dentre outros, servindo, inclusive, como escola.
Este é, enfim, o homem que, após passar todas essas provações, comprovou sua infinidade de idéias, coragem e disposição, trazendo a Itaporanga a melhor imagem, traduzida na grande disposição de servir, tendo, finalmente, como maior referencial, o enorme Cristo que abre os braços e solta as bênçãos a todo o Vale do Piancó. Mesmo em meio a tudo isso, faz questão de se classificar como um simples instrumento de Deus.
Revista Monumento ao Cristo Rei: um lugar mais perto de Deus de autoria de Damião Lucena 

Fonte: Diamante Online