Publicado em outubro 2, 2012 por HC
O Facebook não vai democratizar a sociedade’, diz cientista político no Senado – Renato Lessa no Fórum: “Representação política- fundamentos e dilemas”
ANÁLISE CRÍTICA
Antes
 de mais nada vamos fazer uma análise do processo eleitoral em vigor no 
Brasil e depois uma análise antropológica à luz dos conceitos mais 
supernos exarados no legado Maia e Asteca, nos tempos de ouro do seus 
processos civilizatórios, os últimos, antes eles caírem na mais completa
 entropia humanóide, tergiversando o sacro-ofício da auto-realização 
íntima do Ser, para o sacrifício humanóide. E não estamos muito 
distantes disso, bastando ver o que ocorre consuetudinariamente em nosso
 tempo atual.
Por
 sistema eleitoral, podemos compreender as técnicas que determinam a 
forma de escolha dos representantes do povo nas eleições. Dois são os 
sistemas eleitorais verificados no Brasil: o sistema majoritário, 
aplicado às eleições para os cargos de presidente da república, 
governador de estado ou do Distrito Federal, prefeitos e senadores; e o 
sistema proporcional, utilizado nas eleições para os cargos de deputado 
federal, deputado estadual, deputado distrital e vereador.
Em
 relação ao sistema majoritário, poucas dúvidas persistem na mente dos 
eleitores: ganha a eleição o candidato mais votado, sendo que nas 
eleições para presidente da república, governador e prefeito de 
município com mais de duzentos mil eleitores é possível a ocorrência de 
segundo turno, entre os dois candidatos mais votados, caso nenhum 
candidato alcance, no primeiro turno, votação superior aos votos dados a
 todos os seus adversários somados, excetuados aqueles brancos, nulos e 
as abstenções. As maiores perplexidades, assim, ecoam das chamadas 
“eleições proporcionais”, para os cargos de deputados e vereadores, onde
 nem sempre o candidato mais votado é eleito e, em algumas ocasiões, um 
candidato pouco votado conquista um assento em disputa na casa 
parlamentar. Por que tal fato ocorre? Por que candidatos menos votados 
conseguem, em uma mesma eleição, conquistar uma vaga de deputado ou 
vereador enquanto outros, com votações mais expressivas, não conseguem 
se eleger?
Nas
 eleições para os cargos de vereador e deputado, em nosso país, ao 
contrário das eleições para os cargos de presidente, governador, 
prefeito e senador, adota-se o sistema eleitoral proporcional, que, em 
sua essência, privilegia uma distribuição mais ampla das vagas em 
disputa, consagrando, de forma mais eficiente, o princípio democrático, 
consistente não apenas no respeito à vontade da maioria, mas também na 
consagração da representação das minorias, fundamental à fomentação do 
salutar processo dialético de construção da vontade geral. Assim, em 
linhas gerais, cada partido ou coligação partidária conquistará, 
proporcionalmente à soma dos votos obtidos pela legenda e por todos os 
seus candidatos somados, um determinado número de cadeiras em disputa, 
privilegiando a ampliação da representação das mais diversas correntes 
políticas e ideológicas existentes na sociedade.
É
 aqui que entra o estratagema nefasto usado pelos maus políticos que 
propositadamente armam esquemas para poderem saírem pela tangente e 
ganharem a vaga sem a percepção dos eleitores, inclusive os mais 
conscientes, porém, desconhecedores dessa sistemática perversa que 
privilegia os maus políticos, principalmente. Chegam a cooptar pessoas 
com poucas ou médias chances de votos para “ garimpar” os votos 
restantes para completar sua eleição. 
Para
 melhor compreendermos o funcionamento do sistema eleitoral 
proporcional, imaginemos que em um determinado município existam 
1.200.000 eleitores. No dia da eleição, do total de eleitores comparecem
 às urnas 1.000.000 de pessoas, sendo que destas duzentas mil votam 
branco ou anulam o voto, totalizando-se, assim, 800.000 votos válidos 
(imputados a algum candidato ou coligação). Imaginemos ainda que, neste 
município, estejam em disputa 40 vagas para a câmara de vereadores, 
concorrendo para as mesmas, candidatos de vários partidos políticos. 
Qual será o primeiro passo para determinar os eleitos? A resposta é o 
cálculo do chamado “coeficiente eleitoral”, vislumbrado a partir da 
divisão do número de votos válidos (800.000, no presente exemplo) pelo 
número de vagas em disputa (40 vagas). Assim, o coeficiente eleitoral 
será de 20.000 votos. Então entra os espertalhões que tiveram uma porção
 de votos, por exemplo 8.000 e os demais cooptados que vão ajudar 
somando 5.000 + 3.000+ 4.000 = 12.000+8.000 do espertalhão que fica na 
surdina então teremos uma cadeira para ele.
E
 pensar que os 12.000 votos dados para outras pessoas vão, 
desgraçadamente servir aos propósitos de OUTRO REPRESENTANTE que não 
fazia parte da escolha dos REPRESENTANDOS? Então muitos que pensam, 
equivocadamente, que votaram num candidato terminam VOTANDO E ESOLHENDO 
OUTRO, BEM DISTINTO. 
Calculado
 o coeficiente eleitoral, o segundo passo para a definição dos eleitos é
 o cálculo do chamado quociente partidário. Para isso, é necessário que o
 número de votos sufragados para cada partido ou coligação (somados os 
votos de todos os seus candidatos e os votos de legenda) sejam divididos
 pelo coeficiente eleitoral, estabelecendo o número de vagas em disputa a
 que cada partido fará jus. No exemplo citado, um partido ou coligação 
que obtivesse a soma de 100.000 votos teria garantido o direito a cinco 
das vagas em disputa (quociente partidário igual a cinco). 
Assim,
 por exemplo, famoso se tornou o episódio Enéas, ocorrido em São Paulo 
em 2002, quando o falecido deputado, a partir da sua estupenda votação, 
elegeu mais cinco correligionários, todos inexpressivos. Da mesma forma,
 notável foi a grande votação obtida em 1998 pelo ex-líder estudantil 
Lindberg Farias, candidato a deputado federal, no estado de São Paulo, 
pelo PSTU, que, no entanto, não conseguiu se eleger, em virtude do não 
alcance, por seu partido, do quociente partidário mínimo de um. 
Mesmo
 diante de tantas críticas, produto muito mais da falta de conhecimento 
do eleitorado do que de falhas intrínsecas, o sistema eleitoral 
proporcional pode ser considerado um instrumento de grande relevância 
para a consagração do regime político da democracia, devendo, no 
entanto, ser mais divulgado e explicitado ao nosso povo. Afinal, a 
essência da democracia reside na dialética e na existência de oposições,
 e não na imposição cega da vontade da maioria. 
É
 isto o que acontece para o processo de eleição dos vereadores e 
congêneres, diferentemente do processo dos votos para cargos 
majoritários (prefeito). É o caso clássico de “se correr o bicho pega e 
se ficar o bicho come”. Uma sinuca de bico, um beco sem saída!
Voltando à análise do Professor Renato Lessa temos:
A
 ideia de que a internet possa curar os males do sistema político 
representativo, e levar ao paraíso da democracia direta é uma ilusão, no
 entender do professor de filosofia política da Universidade Federal 
Fluminense (UFF) Renato Lessa. Ele proferiu na noite de quarta-feira 
(27) a sexta palestra do Fórum Senado Brasil 2012, que segue até o dia 7
 de agosto no auditório do Interlegis.
-
 O Egito é uma prova de que não é o Facebook quem vai democratizar a 
sociedade – disse Lessa perante uma audiência composta na sua maioria 
por estudantes universitários e servidores do Senado.
O
 conferencista justificou seu ceticismo, ao lembrar que as redes sociais
 virtuais são consideradas as grandes responsáveis por viabilizar as 
campanhas políticas contra os governos ditatoriais em muitos países do 
Oriente Médio e do Norte da África, no que se consagrou chamar de 
Primavera Árabe. Entretanto, a força mobilizadora dessas redes não 
logrou converter à região à democracia. No Egito, por exemplo, foi 
eleito um novo governo para suceder o ditador Hosni Mubarak, mas num 
quadro institucional ainda controlado pelas forças armadas.
As
 declarações de Renato Lessa a respeito do papel da internet foram dadas
 como contraponto à sua explanação sobre o sistema representativo e seus
 dilemas. Tanto no Brasil quanto em outros países tem sido usual se 
falar numa crise de legitimidade dos parlamentos, provocada pelo que 
seria o divórcio entre a vontade dos eleitores (os representados) e os 
políticos (representantes).
Reflexão:
 Seria uma leviandade pensar que a internet possa ter esse poder, quando
 o próprio representado não tem meios de conseguir tal remédio, para ele
 ainda indisponível e que se apresenta para o representante como um mal 
“necessário” ainda incurável. É preciso se pensar a partir da base que é
 o homem em si e sua função na sociedade. A sociedade é uma extensão dos
 indivíduos que se amalgamam sem processos inter-relacionados.
Para
 o professor da UFF, o sistema representativo já nasceu com uma 
imperfeição: o representante não espelha o representado, como seria o 
caso da pintura figurativa, em que o artista busca o máximo de 
semelhança entre a realidade e o que desenvolve na tela. Além disso, 
imaginar que um indivíduo possa de fato representar os anseios de uma 
multidão de indivíduos é algo que está no terreno “da alucinação”, 
falando do ponto de vista filosófico.
-
 A representação, desde seu início, foi caracterizada por uma imensa 
tensão constitutiva. Ela foi criada como uma ficção segundo a qual 
muitos podem se fazer presentes em poucos – conceituou.
É
 importante observar que a imperfeição, na gênese política, espelha a 
falha individual de representantes e representados que não possuem 
imagens reais diante do espelho da vida e menos ainda na política onde 
se apresenta como ator-protagonista. Realmente a perfeição buscada em 
ambos os casos será mais que impossível de ser alcançada na medida em 
que não se vê empenho na humanização e transformação para se ser, ao 
menos, um pouco mais humano.
O
 que há, segundo o cientista, é uma relação de sentido prático, uma vez 
que dos antigos sistemas de democracia direta, com destaque para a 
assembleia grega, passou-se a modelos que conferissem direitos 
eleitorais a contingentes cada vez maiores de pessoas, e em sociedades 
que marchavam em direção ao sistema capitalista. Quando surgiu, entre os
 séculos 17 e 18, o sistema representativo não se encaixava no conceito 
contemporâneo de democracia. Em geral, o direito a voto era oligárquico,
 privilégio de poucas pessoas e poucos grupos.
As anomalias partem
 sempre do indivíduo e se estende na sociedade como um todo, 
refletindo-se nela como retalhos que conformam uma colcha multifacetada.
 O sistema impõe aos votantes a obrigatoriedade do voto no conceito 
democrático de cidadania, mesmo diante da vilania política em seu amplo 
espectro de desgraças. Só é cidadão quem escolhe seus representantes, 
sendo isto uma imposição para se tocar obrigatoriamente a máquina do 
Estado que não pode parar, mesmo que tenhamos em mente que seja sempre 
azeitada com a corrupção para seguir um rumo que não queremos e não 
aceitemos. Este é o grave defeito da Democracia e de outros sistemas 
semelhantes. No fundo, a anomalia não está no sistema, mas no ator, o 
humanóide, ainda não humanizado, eivado com todos os seus defeitos, 
decorrentes de suas imperfeições pessoais e individuais que se espalham 
no seio familiar e na sociedade. Este é o ponto determinante e não foi 
entendido pelos revolucionários que pensaram de fora para dentro, como 
se fora possível transformar o homem pela força da sociedade. 
Paradoxalmente, só o indivíduo tem credencial para transformar a 
sociedade com seu exemplo palmário e manifesto, contagiando a sociedade.
 Exemplos não faltam e aqui, sem análise de mérito no âmbito da 
religiosidade tivemos Sócrates, Ghandi, Sidarta Gautama e Jesus Cristo 
que deixaram suas marcas individuais exemplares e transformadores da 
forma mais impositiva e incisiva de credibilidade absoluta. Não se pode 
fugir dessa contextualização óbvia e necessária. Acaso Gautama tem culpa
 dos fanáticos que se digladiam na Índia e cometem assassinatos. 
Porventura pensamos que Jesus instigou aos “maus cristãos” condenarem as
 pessoas nas fogueiras da Inquisição. Nem também podemos conceber que 
Maomé pediu a 
Incompreendida Jihad (em árabe: جهاد, jihād) é um conceito essencial da religião islâmica
 e significa “empenho”, “esforço”. Pode ser entendida como uma luta, 
mediante vontade pessoal, de se buscar e conquistar a fé perfeita. Ao 
contrário do que muitos pensam, jihad não significa “Guerra Santa“, nome dado pelos Europeus às lutas religiosas na Idade Média (por exemplo: Cruzadas)
 por mimetismo com o contacto com um Islão que, durante 500 anos antes 
destas, invadira metade do mundo cristão. Aquele que segue a Jihad é conhecido como Mujahid.
Jesus
 pregou a morte dos pecados, a eliminação dos sete capitais como 
condição para renascer e salvar-se; Buda pediu predicou a aniquilação 
budista, dos elementos inumanos que carregamos em nosso interior 
psicológico, causa causorum de todas as diabruras inumanas. 
Maomé estatuiu a declaração de morte contra os infiéis que habitam nosso
 interior, como condição de salvação. Mas não descambemos para a análise
 religiosa.
Voltando
 ao tema, antigamente, governava, quem tinha maior “consciência” e mesmo
 com a impossibilidade de se avaliar, evidenciava nos exemplos e se viam
 os resultados. Será que não nos deixaríamos guiar por alguém que tem 
uma vida pautada na mais estrita consonância com a legalidade e a vida 
regrada, de forma simplificada? Depois deteriorou-se e degringolou-se na
 mais absurda degeneração e surgiram outras revoluções, cíclicas, mas 
trazendo a mesma problemática de ontem, de hoje, de amanhã e sempre. O 
nível de Ser de indivíduos, sejam eles representantes ou representados. O
 resultado aponta inexoravelmente para a qualidade de sociedade em que 
vivemos, fruto da soma, subtração, divisão e multiplicação de pessoas, 
de individualidades, humanóides, na maior parte, sobrepujando os 
pretensos humanos, tão raros e em franco processo de extinção.
Em
 certos países, o direito ao voto foi conquistado com luta, embora isso 
não impeça que hoje os cidadãos estejam desanimados com seus 
representantes. No Brasil, assinalou Lessa, a descrença também é notada,
 embora o direito ao voto tenha sido muito mais uma concessão ao povo.
Seja
 lá como for, o cientista político recomenda que a melhoria do sistema 
representativo venha de fora para dentro, vale dizer, do seio da 
sociedade para o parlamento, de modo a diminuir a distância entre a 
identidade política dos eleitores e dos políticos.
É
 intrinsecamente de dentro e de fora para dentro num trânsito permanente
 de mão dupla que se deve dar no tempo e no espaço, num movimento 
permanente de aprimoramento. A distância entre representante e 
representado está na individualidade de cada um deles. 
Lessa
 se preocupa com a despolitização dos cidadãos, justamente por levar a 
um desligamento entre representados e representantes. Em entrevista após
 a palestra, o professor da UFF comentou os desdobramentos dos recentes 
movimentos anti-corrupção, que exibiram bastante vigor nas redes 
sociais, e chegaram a levar manifestações às ruas, mas que até o momento
 não se constituíram numa força política  operante nos dois planos da 
política: o da praça pública e o do parlamento.
-
 É um movimento mais moral do que político, por vezes contra o 
parlamento – alertou o cientista político, ao analisar, entre outros 
aspectos, a tendência daqueles grupos a fugirem da estrutura de 
lideranças habitual e da criação ou adesão a um partido.
A
 problemática é muito mais profunda e se estriba na própria 
incongruência do homem que se dissociou do humanismo e como tal conduziu
 o socialismo e a política a este estado caótico insustentável. 
Quanto
 ao caráter dispersivo da internet, abrigo de uma miríada de interesses 
específicos, e distante das grandes bandeiras que mobilizavam as 
multidões até os anos 80, Lessa prefere não saltar do ceticismo quanto 
ao real poder de transformação do novo meio para um pessimismo que veria
 nas redes sociais mais um espaço de manipulação e esvaziamento 
político.
-
 Não há computador que vá além do voto. É preciso que se crie um 
ambiente de discussão, mas a internet pode exercer um papel mobilizador 
muito interessante – ponderou.
A
 limitação intrínseca contida no voto e a imposição de votar se afigura 
como obrigatoriedade do sistema que foi posto de forma inexorável, e 
como tal não se pode fugir, porque somos compelidos a ter 
representantes, mesmo com o “mundo desabando”. A consciência individual e
 coletiva é o que falta para mediar corretamente as relações de 
representantes e representados.
Ao
 observar de forma bem humorada que “o melhor sistema político é sempre o
 do vizinho”, Lessa disse considerar perda de tempo a procura da fórmula
 certa para a reforma política no Brasil. O cientista político contou 
sobre o grande entusiasmo de estudiosos portugueses pelas regras 
eleitorais brasileiras, que muitos no Brasil querem trocar pelas 
portuguesas, como o voto em lista.
Para
 ele, um dos problemas centrais no Brasil é a formação de partidos cujo 
objetivo é apenas a busca de votos, e não a criação de uma forte 
identidade com o eleitor. Isso é agravado pela falta de investimento na 
qualificação cívica da própria classe política e pela baixa escolaridade
 do eleitorado.
Realmente
 é um grave problema, mas que se desdobra no fato de o partido amalgamar
 todos os partidários numa forma pronta e acabada, sujeita aos seus 
contornos próprios de interesses.
Por essa razão é que Lessa insiste numa pressão por mudanças com origem em movimentos políticos dotados de forte identidade.
- O processo político não se esgota em eleições. É preciso uma energização cívica extrainstitucional – aconselhou.
Sempre
 existiram meios de derrubar os edifícios criados pelos processos 
políticos após sua decadência, mas sempre existirão novas edições do 
velho misturadas com “novidades enferrujadas” caso não se passe por uma 
transformação radical, profunda, que tenha base no próprio ser de cada 
representante e representado. Ambos se confundem e se amalgamam em torno
 do processo político a que sempre estamos compelidos. Os dilemas do 
processo estão inseridos no âmago de cada ser humano, seja ele 
representante ou representado e não há como se separar disso. Temos 
visto pessoas capazes das mais grandiosas “proezas” inclusive nos 
ringues, lutando com seus oponentes em lutas até sangrentas. Mas quem se
 arrisca ou está determinado a encampar a luta contra si mesmo, 
enfrentar seus aspectos inconscientes, subconscientes e 
infraconscientes? Que assumirá o sacro-ofício de negar-se a si mesmo, 
tomar sua cruz, que representa a eliminação dos defeitos e seguir o 
melhor exemplo deixado por Jesus e outros? 
A
 problemática adstrita a nós, como “indivíduos” vai na linha 
pensamêntica de índole socrática, de não só ignorar, como pior e mais 
terrivelmente, desconhecermos que ignoramos. E aqui vem à baila a 
formidável “Mito da Caverna” que para nós outros da contemporaneidade, 
afigura-se como Realidade da Caverna, assim reeditada. Por outro lado 
temos que compreender a essencialidade de nossa vida, concebida como uma
 totalidade sem fim cronológico, que abarca uma órbita fora do tempo e 
do espaço. Temos que compreender que somos “deuses”, mas que antes temos
 que reconquistar a nossa “humanidade”, temos que brilhar a nossa luz, 
abismada em nossos processos “diabólicos inumanos”. 
Acaso
 não são a cobiça, a ira, o orgulho, a vaidade e demais aspectos 
egóicos, os aspectos mais demoníacos que existem na face da Terra? Não 
são eles os agentes promotores de todos os descalabros por nós outros 
perpetrados em todos os quadrantes da existência? Estes são os reais 
causadores da problemática existencial com a qual nos defrontamos hoje, 
em uma vida sem sentido, desarrazoada e que caminha para o caos 
individual e social. Isso foi mal entendido na descrição de Dante que 
aponta claramente para essa crua realidade de nossa problemática. São 
esses os eus-diabos que personificam nossos aspectos mais diabólicos, 
mas compreendendo que temos também, em contraposição, os aspectos mais 
supernos e divinais concomitantemente, porém soterrados nos aspectos 
dantescos.
E
 não vale aqui usar os amortecedores para cairmos no sono infausto da 
inconsciência que nos leva a nos abstrairmos da realidade inconcussa a 
ser defrontada, a mais alta covardia. Se não eliminarmos os defeitos, 
não cristalizaremos nossas almas, aqui entendida como cristalizações de 
virtudes, qualidades e potencialidades do Ser. Porém isso é uma questão a
 ser conquistada.
De
 resto, somos obrigados, inexoravelmente, a resolver a grande equação, a
 maldição da enigmática esfinge: Decifrar-nos, sobrepujar o nosso estado
 deplorável ou sermos devorados pela involução entrópica!
Luiz Dourado é Antropólogo.
EcoDebate, 02/10/2012
