Vítima morreu na madrugada do último sábado, 12, por policiais militares.
(Vítima Wellyngton, mais conhecido como Etin) |
O rapaz foi morto na madrugada do sábado, 12, por um tiro de fuzil dentro do carro que o levaria para sua casa. O fato foi durante uma operação policial na cidade de Boa Ventura que tentava encontrar homens que, supostamente, planejavam arrombar a agência local do Bradesco. O Golf vermelho que conduzia o jovem era dirigido pelo comerciante João Lemos Ferreira da Silva, que tem uma venda de açaí e também trabalha com apostas eletrônicas em Itaporanga. Depois de beberem na casa de um amigo, ele iria deixar o jovem em sua residência, quando foi abordado por uma viatura policial, ocorrendo em seguida o disparo que matou o passageiro.
Um inquérito policial foi aberto pelo delegado Sheldon Fluck para apurar o caso. Ele autuou em flagrante o condutor e proprietário do carro por porte ilegal de arma. Um revólver calibre 38 com três munições foi apresentado pela PM na delegacia como tendo sido encontrado dentro do veículo, embora o comerciante garanta que não existia nenhuma arma no interior do carro. Autuado, João Lemos precisou pagar fiança de meio salário mínimo para não ir para a cadeia. Em alguns momentos, ele chorou na delegacia devido ao trauma emocional que sofreu pela morte do amigo ao seu lado e foi amparado por familiares.
Entre os depoimentos prestados ao delegado até agora está o do capitão Luciano, oficial que comandou a operação em Boa Ventura e que informou ter sido o autor do disparo que atingiu o carro e, consequentemente, o jovem, que teve morte imediata. O militar disse que, ao encontrar o carro e acreditando tratar-se dos suspeitos, foi dada ordem de parada ao veículo, que não teria obedecido, motivando ele a atirar duas vezes para o alto, como advertência, e, depois, um disparo na intenção de atingir o pneu do carro, mas o tiro terminou afetando a parte superior do carro e um dos seus ocupantes. Como o policial estava no estrito cumprimento do dever legal, a lei garante imunidade inicia e, por isso, não foi autuado em flagrante pelo tiro, mas a delegacia esclareceu que ele está sendo investigado e, no final do inquérito, se for provado que agiu ilegalmente, poderá ser indiciado por homicídio culposo (não intencional) ou doloso.
Em sua versão, o motorista afirmou que parou o veículo imediatamente assim que recebeu o sinal da viatura e que abriu a porta do carro subitamente e jogou-se no chão, ouvindo um único disparo, exatamente o que atingiu o carro. Esse confronto de narrativas será apurado pelo delegado. Os laudos da perícia e da necropsia vão ajudar a polícia judiciária a esclarecer o que, de fato, ocorreu.
Agentes de investigação também estão atrás de câmeras de segurança do local onde se desenrolou o fato e também de pessoas que tenham presenciando o caso e possam contribuir com o inquérito. O delegado também oficiou ao quartel um pedido de acesso aos diálogos dos policiais no curso operativo e a outros detalhes da operação, que foi motivada por uma denúncia partida de Boa Ventura de que três homens armados rondavam a agência bancária, motivando o oficial, no comando de várias guarnições, a deixar o batalhão, que é sediado e em Itaporanga, e partir imediatamente para a cidade boaventurense, o que terminou tragicamente.
Com Folha do Vale