O policial reformado
Mizael Bispo da Silva foi condenado nesta quinta-feira (14) pelo
assassinato da ex-namorada, a advogada Mércia Nakashima, em 23 de maio
de 2010.
O corpo e o carro da
advogada foram encontrados em uma represa na cidade de Nazaré Paulista,
na Grande São Paulo. A pena será de 20 anos e o ex-policial também
perderá sua aposentadoria.
Mizael foi condenado por
um júri de cinco mulheres e dois homens no julgamento que durou quatro
dias no Fórum de Guarulhos (região metropolitana de São Paulo). Esse foi
o primeiro júri do Estado –o segundo do Brasil, depois de um realizado
em Rondônia –a ser todo transmitido em tempo real via rádio e internet.
Além do policial
reformado, também é acusado pelo crime o vigia Evandro Bezerra da Silva,
que está preso no presídio de Tremembé 2 e vai a júri popular em 29 de
julho deste ano. Inicialmente, ele seria julgamento com Mizael, mas o
júri foi desmembrado a pedido da defesa de Bezerra, que alegava tese
conflitante entre os dois acusados.
Ao todo, os jurados
ouviram os depoimentos de nove testemunhas –cinco da acusação, três da
defesa (que dispensou outras duas) e uma do juízo– e do réu, interrogado
nessa quarta-feira (14) apenas pela defesa, uma vez que o promotor do
caso, Rodrigo Merlin.
Entre os depoimentos, se
destacaram o de Márcio Nakashim, irmão da vítima, do delegado Antonio
Assunção de Olim, responsável pela investigação do caso. Ambos foram
arrolados pela acusação.
Márcio, primeira
testemunha a ser ouvida no júri, na última segunda-feira (11), chorou em
vários momentos das cerca de quatro horas em que depôs e discutiu
rispidamente com os advogados de Mizael, os quais acusou de macular a
reputação da advogada, e acusou o réu de ter se "transformado" no
segundo ano de namoro com a advogada.
"Mizael era muito
ciumento, possessivo e se transformou. Ele ligava várias vezes para a
Mercia", afirmou Márcio, que, alegando medo, pediu para que Mizael fosse
retirado do plenário durante o depoimento. Como é advogado e trabalha
em sua própria defesa, o réu pediu para continuar na sala, mas o juiz
negou.
Delegado derruba álibi
Já o delegado do caso,
ouvido na terça (12), derrubou a tese do réu de que teria se encontrado
com uma prostituta no momento em que a advogada era assassinada em
Nazaré Paulista.
Mizael alega que, na
noite do crime, esteve por quatro horas com uma prostituta, dentro de um
carro, em frente ao Hospital Geral de Guarulhos.
"Ele não sabia o nome da
mulher e, só depois de muita pressão, lembrou a cor do cabelo. Depois
deu apenas R$ 20. Além do que, é estranho transar em um lugar de tanto
movimento, sem chamar a atenção", disse o delegado, que foi taxativo aos
jurados: "Eu não tenho dúvida nenhuma de que Mizael matou a Mércia",
declarou.
Depoimentos de peritos
Tanto defesa quanto acusação também lançaram mão de peritos para testemunhar em plenário.
O perito-chefe da
investigação do caso, Renato Domingos Pattoli, por exemplo, falou na
quarta-feira (13) e viu a defesa do réu tentar desqualificar a perícia
feita pelo Instituto de Criminalística à época do crime.
O perito explicou que a
terra encontrada no sapato de Mizael não era compatível com a encontrada
na represa de Nazaré Paulista, onde o corpo de Mércia foi encontrado.
"A quantidade de terra encontrada era pequena, mas dá para afirmar que não era compatível", disse.
Outro perito do caso, o
biólogo Carlos Eduardo Bicudo, ouvido como testemunha no primeiro dia de
julgamento, disse que algas não se fixam na terra, e sim, em um
substrato. Por isso, a terra e a alga encontradas no sapato de Mizael
podem ter vindo de locais diferentes.
UOL